Web site Do Fernando Rodrigues

21 Mar 2019 02:32
Tags

Back to list of posts

<h1>O Parapsic&oacute;logo: Duvidar Para Ter f&eacute;</h1>

55044.jpg

<p>Se pretendesse ser original, esse texto deveria N&Atilde;O come&ccedil;ar portanto: h&aacute; um pouco mais de trinta anos, Ana Cristina C&eacute;sar morreu; jogou-se da janela do apartamento dos pais, aos 31 anos, no Rio de Janeiro (era vinte e nove de outubro). Po&eacute;tica, editado com o esmero e a qualidade habituais da Companhia e lan&ccedil;ado na semana passada, tem a curadoria editorial e apresenta&ccedil;&atilde;o do poeta e conhecido Armando Freitas Filho, posf&aacute;cio da professora Viviane Bosi e um robusto ap&ecirc;ndice. S&atilde;o livros fora de cat&aacute;logo h&aacute; d&eacute;cadas, como A teus p&eacute;s e In&eacute;ditos e dispersos, originalmente publicados pela Brasiliense. Nada de que pade&ccedil;a a estreia estruturado por Armando Freitas Filho.</p>

<p>Seja nos textos delimitados pelo ponto desfecho da poeta, seja nos inacabados (que Freitas Filho batizou de “visita &agrave; oficina”), Po&eacute;tica tem o m&eacute;rito de agrupar num volume &uacute;nico, de forma in&eacute;dita, a obra em poesia de Ana Cristina. Freitas Filho era o melhor amigo de Ana Cristina: naquele 29 de outubro, ambos se falaram em torno de 12h30. Pouco depois das 13 horas, a m&atilde;e dela telefonou desesperada, contando que a filha se jogara da janela.</p>

<p>Alguns dias mais tarde, levaria ao apartamento de Freitas Filho quatro caixas de papel&atilde;o repletos de escritos. Ana Cristina deixara pra ele a responsabilidade de cuidar postumamente de tuas publica&ccedil;&otilde;es. Po&eacute;tica abre com Cenas de abril, de 1979. Sucesso Nos Concursos: Primeiros Passos O Dia de estreia, ela ensaia muito do que viria depois: pudor e provoca&ccedil;&atilde;o, &iacute;ntimo e universal, masculino e feminino. Estou perfeita que &eacute; um desperd&iacute;cio. Hoje beijo os pacientes pela entrada e pela sa&iacute;da com desvelo t&eacute;cnico.</p>

<p>Freud e eu brigamos muito. O livro prossegue com Dezoito Bolsas De Estudo Com Inscri&ccedil;&otilde;es Que Acabam Em Mar&ccedil;o , do mesmo ano, assinado como Ana Cristina C (deste modo mesmo). Um livreto bem humorado composto de uma s&oacute; carta, de J&uacute;lia para algu&eacute;m n&atilde;o nomeado, tendo como “personagens confessos”, tirados da exist&ecirc;ncia real, Mary e Gil. Por Que Profissionalizar Um Escrit&oacute;rio De Advocacia? (1980) re&uacute;ne poemas escritos na Inglaterra, pra onde ela foi fazer mestrado em tradu&ccedil;&atilde;o liter&aacute;ria na Escola de Essex.</p>

<h2>A paix&atilde;o, Reinaldo, &eacute; uma fera que hiberna precariamente.</h2>
<p>Ficam evidentes marcas de seu modo: a sensa&ccedil;&atilde;o de perda, melancolia e desnorteio. Eu s&oacute; enjoo no momento em que olho o mar, me citou a comiss&aacute;ria do sea-jet. Estou partindo com suspiro de al&iacute;vio. A paix&atilde;o, Reinaldo, &eacute; uma fera que hiberna precariamente. Esquece a paix&atilde;o, meu bem; nesses campos ingleses, desse lago com patos, atr&aacute;s das altas vidra&ccedil;as de onde leio os metaf&iacute;sicos, meu bem.</p>

<ul>

<li>Conhe&ccedil;a as etapas do processo seletivo</li>

<li>M&atilde;o dupla*</li>

<li>EDINGER, Edward F. Ego e Arqu&eacute;tipo, SP, Cultrix, 1989</li>

<li>11- Ensine seus filhos como serem ricos</li>

</ul>

<p>N&atilde;o queira nada que perturbe esse lago j&aacute;, bem. N&atilde;o pega mais o meu corpo; n&atilde;o pega mais o teu corpo humano. N&atilde;o escrevo mais. Estou desenhando em uma vila que n&atilde;o me pertence. N&atilde;o imagino pela partida. Meus garranchos s&atilde;o hoje e se acabaram. Explico mais ainda: falar n&atilde;o me tira da pauta; vou atravessar a desenhar; pra sair da pauta. Como declara Freitas Filho, em A teus p&eacute;s (1982) Ana Cristina Cesar voltaria assumida &agrave; tua assinatura oficial, eliminaria a abreviatura, tiraria a m&aacute;scara dos &oacute;culos escuros e recuperaria a sua identidade como poeta sem disfarces.</p>

<h2>Di&aacute;logo de surdos, n&atilde;o: amistoso no gelado.</h2>
<p>Aparecem principlamente textos ultrassint&eacute;ticos, mas desdobr&aacute;veis em diversas leituras. “Ana C. concede ao leitor”, escreveu o comparsa Universidade Da Nova Zel&acirc;ndia Apresenta Bolsas De Mestrado Para Brasileiros , “aquele delicioso alegria meio proibido de espiar a intimidade alheia pelo buraco da fechadura”. Di&aacute;logo de surdos, n&atilde;o: amistoso no gelado. As mulheres e as garotas s&atilde;o as primeiras que desistem de afundar navios. Preciso reverter e espiar aqueles 2 quartos vazios.</p>

<p>Do espelho em frente. Como se v&ecirc;, Ana Cristina Cesar toca muito as mulheres. Moderna e liberta, fala abertamente de teu organismo e de sua sexualidade, ao mesmo tempo derramando-se numa delicadeza que, &agrave; primeira visibilidade, poderia conflitar com o feminismo vigente pela &eacute;poca. Embates de um feminino impaciente, como define o poeta e professor Italo Moriconi, ao apresentar Po&eacute;tica.</p>

<p>No epis&oacute;dio de in&eacute;ditos, “Visita &agrave; oficina”, existe um material mais curto e com toda certeza de menor relev&acirc;ncia do que os agora publicados. S&atilde;o tamb&eacute;m poemas inacabados, um deles escrito ainda pela adolesc&ecirc;ncia, aos dezesseis anos. Por ele recebeu nota dez da professora e o elogio: “Lindo! Em outro exibe uma maturidade incomum para a idade: “Estar em fraude - n&atilde;o consigo mesmo, n&atilde;o consigo mesmo.</p>

Comments: 0

Add a New Comment

Unless otherwise stated, the content of this page is licensed under Creative Commons Attribution-ShareAlike 3.0 License